16 março 2017

História da música brasileira por Vitor Pimentel

No início dos anos 1990, o Brasil, pós Impeachment de Collor, vivia um momento de reencontro consigo; com sua alegria.

Até aquele momento, na música, dominavam, nas paradas de sucesso, as canções americanas e o sertanejo das duplas masculinas de vozes agudas, que eram o reflexo do quanto nós ainda tínhamos de  importados e rurais.

O gênero escolhido - pelo povo - para ser o símbolo desse novo momento estético-sonoro-politico foi o axé que, naquele momento, pouco ou nada tinha a ver com essa som que é feito hoje, de caráter industrial e plastificado que deixou de ser música e virou "music".

Naqueles início de anos 1990 o axé era o reflexo da nossa vocação tropical. Trazia, na harmonia, nossa vocação rítmica para percussão, e na poesia, o retrato de um povo que ansiava por alegria e felicidade. Era uma música colorida e leve com uma forte ligação com nossas raízes negras-africanas.

Gerônimo, Paulinho Camafeu, Tonho Materia foram alguns doa compositores que formataram aquele axé.

De lá para cá muito dessa tradição se perdeu. Pasteurizou-se. Transformou-se em outra coisa. Mas muito também ficou por aí. Impregnado naquilo que se faz de bom, tanto na dita MPB, que usa e abusa da percussionalidade baiana em seus desenhos rítmicos, harmônicos e poéticos, quando em gêneros que resistentemente sobrevivem na selva que se tornou a música popular que toca nos rádios e televisão.

Tempos bons que "a paz vencia a guerra", que esperávamos o "coral negro cantar" ou que o corpo estremecia e a pernas desobedeciam.

Tempo, que antenados, celebravámos nossa ligação com a Taba, que, por sinal é o nome da canção abaixo. Uma das jóias raras - pouco conhecidas - daquele tempo, cantada aqui por Netinho e Ricardo Chaves.


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